LESÕES NO BALLET CLÁSSICO
Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães
Joseani Paulini Neves Simas
Joseani Paulini Neves Simas
RESUMO
Este estudo teve como objetivo elucidar as possíveis lesões que podem ocorrer em função da prática do ballet clássico. O estudo foi bibliográfico, contando com bibliografias nacionais e estrangeiras. A análise da literatura indicou que as características técnicas e estéticas levam a uma prática com movimentos nada anatômicos, conduzindo a bailarina clássica a um grupo de lesões associadas; a maioria das lesões deve-se a erros de técnica e de treinamento; os problemas em crianças são devidos às tentativas de forçar a rotação externa ao nível dos quadris e o uso indevido da sapatilha de ponta; as lesões mais comuns são as de pé e tornozelo, seguido das de joelho e quadril, e as que menos acontecem são as de membro superior. Essas lesões acontecem devido ao excesso de exercícios e repetições, sempre utilizando o mesmo lado, e do uso incorreto e precoce da sapatilha de ponta. Conclui-se que a técnica do ballet clássico, quando mal aplicada, predispõe seus praticantes a lesões características.
Palavras-chave: dança, ballet clássico, lesões.
Palavras-chave: dança, ballet clássico, lesões.
Observações:
Quando a atividade física é levada a certos limites, solicitando ao máximo dos músculos e tendões, ossos e articulações, pode atuar como agente patológico sobre o aparelho locomotor.Neste sentido, Schafle (1996) cita que as elevadas amplitudes articulares dos quadris e joelho, e a repetitividade desses movimentos podem estar desequilibrando grupos musculares, alterando, assim, a biomecânica do corpo e comprometendo a função, refletindo na estrutura corporal, podendo aumentar a predisposição a lesões características em bailarinas clássicas. Este estudo de revisão visa elucidar as possíveis lesões que podem ocorrer em função da prática do ballet clássico, como também caracterizar a técnica e a prática do ballet clássico.
Técnica do ballet clássico
A técnica clássica possui certos princípios de postura e colocação do corpo que devem ser mantidos em todos os movimentos. Foi ao final do século XVII que Pierre Beauchamps definiu as posições básicas do ballet clássico, que descrevem o começo ou o fim obrigatório de todos os passos.
Para se obter uma boa colocação postural, Sampaio (1996) sugere alguns princípios básicos: (a) os pés devem suportar o peso do corpo do bailarino e o arco do pé deve ser estimulado para cima para evitar sobrecarga na articulação dos hálux; (b) o quadril é a base para uma perfeita colocação postural.
O “en dehors” é princípio mais importante no ballet, que, segundo Achcar (1998), é aprender a virar as pernas para fora, com as pontas dos pés para fora, calcanhares para dentro, joelhos e coxas acompanhando as pontas dos pés.
Para Sampaio (1996), o grau de rotação externo na articulação femoral é determinado predominantemente pela estrutura óssea e características dos ligamentos articulares. Seu grau normal, nos indivíduos em geral, é de 40 a 50 graus em cada articulação, perfazendo um ângulo de 80 a 100 graus. Na primeira posição, um bailarino chega a atingir 180 graus.
Prática do ballet clássico
Uma aula de ballet sempre se inicia com:
- Exercícios de barra;
- Exercícios de centro (nos quais se executam movimentos baseados nas atividades já feitas na barra, porém, sem o auxílio desta, visando a um melhor equilíbrio do bailarino);
- Na parte final da aula, vêm os port de bras(que são movimentos de braços combinados com movimentos de cabeça e dorso.
De acordo com Monte (1989), a prática do ballet é recomendada após os 6 anos, pelo fato de que, a partir desta idade, a criança já possui a coordenação motora e o sistema muscular mais desenvolvido, a ponto de manter o equilíbrio e a postura, ou seja, assimilar melhor a técnica e ter resultados técnicos mais rápidos.
Possíveis lesões associadas ao ballet clássico
O ballet clássico é caracterizado pela busca constante de padrões estéticos de movimentos, ou seja, movimentos de grande amplitude articular que vão além dos limites anatômicos.
A força muscular e elevadas amplitudes de movimentos nas articulações dos quadris (manutenção da rotação externa de 90 graus) e do joelho (hiperextensão), além do controle extremo da articulação do
tornozelo, são algumas das características que levam as bailarinas a movimentos nada anatômicos. Esses padrões de movimentos não anatômicos, associados a características músculo-esquelética e características
fisiológicas variadas, diferenciam o ballet clássico das práticas desportivas, conduzindo assim, a bailarina clássica a um grupo peculiar de lesões associadas.
O uso das sapatilhas de ponta, quando iniciado cedo demais força a estrutura óssea muscular, os tendões e
ligamentos, ocasionando problemas ortopédicos graves na criança, como:
tornozelo, são algumas das características que levam as bailarinas a movimentos nada anatômicos. Esses padrões de movimentos não anatômicos, associados a características músculo-esquelética e características
fisiológicas variadas, diferenciam o ballet clássico das práticas desportivas, conduzindo assim, a bailarina clássica a um grupo peculiar de lesões associadas.
O uso das sapatilhas de ponta, quando iniciado cedo demais força a estrutura óssea muscular, os tendões e
ligamentos, ocasionando problemas ortopédicos graves na criança, como:
- pé chato, no qual não se desenvolve a curvatura, deixando os ligamentos frouxos, criando hérnias da cápsula articular nos ligamentos das articulações ósseas e calosidades.
- Problemas na coluna;
- Joanetes;
- Calos;
- Joelhos elásticos ou para trás (consequência de ligamentos distendidos);
- Pés em garra (pés com dedos encolhidos).
Conseqüentemente, quando as crianças aprendem a dançar na ponta dos pés, esses ossos começam a sofrer processos de remodelagem, de forma que a cortical do primeiro e do segundo raio torna-se muito mais espessa que nas crianças que não dançam. Durante o treinamento, esses ossos, em particular o segundo raio, correm o risco de sofrer uma fratura por estresse.
A dança na ponta dos pés está associada a um conjunto de problemas e lesões por excesso de
uso. Como os sapatos para o trabalho de ponta são bem mais rígidos e mais estreitos que os sapatos de meia ponta. A falta de força no pé e no tornozelo pode resultar em entorses agudas do tornozelo ou lesões por uso excessivo, tais como tendinite peroneira, tendinite do Aquiles e tendinite tibial posterior.
uso. Como os sapatos para o trabalho de ponta são bem mais rígidos e mais estreitos que os sapatos de meia ponta. A falta de força no pé e no tornozelo pode resultar em entorses agudas do tornozelo ou lesões por uso excessivo, tais como tendinite peroneira, tendinite do Aquiles e tendinite tibial posterior.
- Além dos fatores citados anteriormente, a repetividade característica da dança clássica leva à demasiada sobrecarga nos membros inferiores, causando desequilíbrios entre os grupos musculares, alterando a biomecânica do sistema músculo esquelético ligamentar, comprometendo, assim, sua função, e aumentando sua predisposição para lesões.
Na dança, a maioria das lesões deve-se a erros de técnica e de treinamento. afirma que o erro mais freqüente é o giro forçado.
Forçar o pé a rotar para fora no solo, àscustas dos joelhos, quadris e costas, provoca um padrão previsível de lesões como:
Forçar o pé a rotar para fora no solo, àscustas dos joelhos, quadris e costas, provoca um padrão previsível de lesões como:
- Tendinite do flexor do quadril;
- Irritação das facetas articulares;
- Fraturas de estresse das porções interarticulares;
- Inflamação crônica do ligamento colateral medial;
- Síndrome de estresse tibial medial.
Entre outras, por outros motivos!
Conclusão
Mediante a análise do referencial teórico consultado e respeitando-se as limitações do estudo, conclui-se que:
- o ballet, como qualquer atividade física que requer contrações repetidas de certos grupos musculares, possui seu próprio conjunto de lesões associadas, no qual as mais comuns são as de pé e tornozelo, seguidas das de joelho e quadril e, por último, as de membro superior;
- se os pais e os médicos forem cuidadosos no sentido de manterem uma boa relação funcional com o instrutor de dança, alguns dos problemas associados ao treinamento do ballet poderão ser eliminados. Os pais devem procurar escolas especializadas e profissionais competentes para seus filhos e acompanhar as aulas, evitando, desta forma, problemas futuros.
- as lesões das jovens bailarinas, em geral, são auto-induzidas, com a busca extrema da rotação externa, como culpado mais provável. A explicação dos efeitos, a longo prazo, da técnica incorreta, ajudará a jovem bailarina a aprimorar a técnica e a força, e a ter fé de que esses esforços, com o passar do tempo,produzirão a rotação externa desejada;
- o importante também é inserir a técnica do ballet clássico no momento apropriado, evitar-se aplicar a técnica pura do ballet na infância, mas exaltar o estímulo e o gosto pela musicalidade e o movimento natural. Utilizara estratégia para a introdução das sapatilhas de ponta no momento adequado, após a puberdade e, mesmo assim, verificando as verdadeiras condições físicas e preparatórias individuais para receber tal esforço e sobrecarga de exercícios na região articular mais solicitada dos pés, metatarso e dedos.
Tendo estes cuidados, a carreira da bailarina acontecerá provavelmente com menos lesões e desilusões.
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